O COPA deste ano, realizado em São Paulo, foi um sucesso e reuniu especialistas em diversas subespecialidades da anestesiologia, além de tratar de aspectos relacionados a gestão, qualidade e segurança, remuneração, educação médica e cuidados pessoais do profissional médico anestesiologista. Com palestrantes internacionais e temas como meditação na prática anestésica e inteligência artificial (IA), banco de dados e big data na anestesia, o evento evidenciou a importância do congresso no mercado médico atual.

O evento foi o quinto maior do mundo da especialidade e teve como objetivo congregar, reunir e promover conhecimento de fontes seguras e disseminá-lo. “Empresas, como a União Química, agregaram ao evento, motivando e inspirando novas ideias e conteúdos, como o canal de podcasts lançado pela empresa com informações relevantes na anestesiologia”, explicou a doutora Rosa Marina Avilla, médica anestesiologista.

Ações inéditas como o SAESP Innovation Show, no estilo “tanque de tubarões” e realizado em parceria com a startup Hackmed, deu oportunidade para que anestesiologistas apresentassem suas ideias para jurados especialistas em inovação. “Além do Innovation Show, foram apresentadas as Batalhas de conhecimento entre Médicos em Especialização e entre graduandos de Medicina. Os vencedores das divertidas batalhas ganharam diversos prêmios, tais como inscrições para o COPA 2024, o Tratado de Anestesiologia SAESP e inscrições para workshops”, explicou a Presidente da Sociedade de Anestesiologia do Estado de São Paulo (SAESP), professora Maria José Carvalho Carmona.

“Outra novidade que ansiávamos apresentar foram as Arenas, que ocuparam um pavilhão inteiro do centro de convenções. Quatro arenas ocorreram simultaneamente, e os participantes puderam desfrutar de um mesmo ambiente. Para cada Arena havia uma frequência especial de rádio e todos os presentes receberam fones de ouvido para escutar apenas o que lhes interessava, sem assim ser atrapalhado ou atrapalhar outros participantes”, complementou a professora Maria José supervisora de execução dos trabalhos no congresso e porta-voz da SAESP. 

Um dos temas abordados no evento foi a prescrição adequada de medicamentos para dor crônica, destacando-se a preocupação com poupadores de opioides, a monitorização dos pacientes e a terapia guiada por metas. Outra questão levantada foi o cuidado com as funções cognitivas dos pacientes acima dos 65 anos e a valorização de outras habilidades não médicas tão necessárias no atendimento dos pacientes. Essa abordagem demonstra a preocupação crescente com a humanização do atendimento e a medicina centrada no paciente.

A Dra. Joana Berger-Estilita, palestrante internacional no evento, trouxe o conceito de patient reported outcomes (PRO), que avaliou a anestesia do ponto de vista do paciente e do resultado objetivo da preservação das funções cognitivas. Esse conceito pode ser utilizado para medir a eficácia das técnicas anestésicas e promover uma abordagem mais personalizada e centrada no paciente.

Descobertas

As últimas descobertas em pesquisa e tecnologia foram focadas em inovação, como a administração customizada de anestésicos com base nas tendências das medidas real-time dos parâmetros vitais e os bancos de dados captados da monitorização dos pacientes durante as cirurgias e a análise de tendências como ferramenta no suporte à decisão. A tecnologia tem um papel cada vez mais importante na anestesiologia, permitindo a detecção precoce de sinais de deterioração do paciente e auxiliando na tomada de decisões.

O futuro dos congressos de anestesiologia foi marcado por novidades no campo de big data e IA, associados ao cuidado centrado no paciente. A análise dos dados pode fornecer informações valiosas sobre as tendências e os padrões dos pacientes e ajudar na personalização do tratamento. A IA pode ser utilizada para prever e prevenir eventos adversos e auxiliar na tomada de decisões.

A participação em eventos desse calibre deixou claro o quanto os congressos de anestesiologia são fundamentais para disseminar conhecimento, promover o networking entre os profissionais da área e apresentar as últimas tendências e descobertas em pesquisa e tecnologia.

Outro ponto importante discutido no COPA 2023 foi a valorização de outras habilidades não médicas tão necessárias no atendimento dos pacientes. O objetivo foi proporcionar um atendimento mais humanizado e garantir que o paciente se sinta acolhido durante todo o processo, desde a preparação para a cirurgia até o pós-operatório.

“Há uma preocupação crescente com a prescrição adequada de medicamentos para dor crônica, monitorização dos pacientes e a terapia guiada por metas, a invasão dos tão necessários bancos de dados e registro adequado dos procedimentos, a monitorização. Os desafios na transmissão de conhecimentos aos médicos em especialização, enfim, são muitos”, explica a Dra. Rosa.

Assim, a comunicação e a empatia se tornaram habilidades fundamentais para o profissional da área de anestesiologia. A forma como o anestesiologista se comunica com o paciente antes da cirurgia pode influenciar diretamente na sua experiência, podendo gerar mais confiança e tranquilidade. Durante a cirurgia, o anestesiologista precisa estar atento à monitorização dos sinais vitais e antecipar possíveis complicações, além de garantir que o paciente esteja sempre confortável e seguro. Já no pós-operatório, é importante que o profissional esteja disponível para esclarecer dúvidas e prestar toda a assistência necessária para a recuperação do paciente.

Idade avançada

Um dos temas relevantes discutido no congresso foi a preocupação com as funções cognitivas dos pacientes acima dos 65 anos. É importante destacar que a idade avançada pode ser um fator de risco para o desenvolvimento de complicações em procedimentos anestésicos. Por isso, o cuidado com os pacientes idosos foi ainda maior, garantindo que a anestesia seja feita de forma segura e minimizando os riscos.

Nesse contexto, a Dra. Joana Berger-Estilita, investigadora do Instituto de Educação Médica e vice-presidente da seção de cuidados intensivos da Sociedade Portuguesa de Anestesiologia (SPA), trouxe o conceito dos Patient-Reported Outcome Measures (PROMs), que avaliaram a anestesia do ponto de vista do paciente e do resultado objetivo da preservação das funções cognitivas. Essa avaliação permitiu identificar possíveis falhas na assistência prestada ao paciente e, consequentemente, propor melhorias para a prática clínica.

Além das preocupações com a segurança e a qualidade do atendimento, o COPA 2023 abordou aspectos relacionados a gestão, remuneração e cuidados pessoais do profissional médico anestesiologista. É importante destacar que essas questões foram diretamente relacionadas ao bem-estar e à satisfação dos profissionais, o que pode impactar diretamente na qualidade do atendimento prestado aos pacientes.

Por isso, é fundamental que os profissionais da área tenham acesso a informações e ferramentas que possam auxiliá-los na gestão do trabalho, como softwares de gestão de clínicas e hospitais e plataformas de educação médica continuada. Além disso, é importante que haja uma valorização adequada da remuneração dos profissionais da área, garantindo que eles se sintam motivados e satisfeitos com a sua profissão.

Cuidados pessoais

Outra questão discutida no congresso foi a importância dos cuidados pessoais do profissional médico anestesiologista. Esses profissionais têm uma rotina intensa e estressante, o que pode levar a problemas de saúde mental e física. 

O COPA forneceu uma plataforma valiosa para especialistas no campo da anestesiologia trocarem conhecimentos, discutirem novas descobertas de pesquisa e explorarem abordagens inovadoras para o cuidado do paciente. Além das palestras e apresentações, o congresso contou com uma área de exposição em que empresas e organizações puderam apresentar seus produtos e serviços relacionados à anestesiologia mais recentes. A presença de empresas como a União Química, uma empresa farmacêutica brasileira, destacou a importância da colaboração entre academia e indústria para impulsionar o progresso em anestesiologia.

No geral, diz a professora Maria José, o COPA 2023 foi um grande sucesso. Ao reunir algumas das principais mentes do campo, o congresso ofereceu uma oportunidade para aprender sobre as últimas tendências e inovações em anestesiologia. Desde a crescente importância do cuidado centrado no paciente até o uso de tecnologia e análise de dados para melhorar os resultados, o congresso destacou a natureza diversa e dinâmica do campo.

Sobre a contribuição da União Química para o sucesso do COPA, explica a doutora Maria José: “a União Química é parceira de longa data da SAESP. Dentre as diversas atividades dessa parceria, o COPA é, sem dúvidas, a principal. Ao participar do COPA, a União Química contribui para o desenvolvimento da anestesia em um ambiente dedicado ao conhecimento, compartilhamento de inovações, insights clínicos e intenso networking”. 

A doutora Maria José acrescentou, ainda, que a colaboração com a União Química fortaleceu a missão de divulgar o estado da arte nas áreas da anestesiologia. “O foco na eficiência, na segurança do paciente e do anestesiologista, propiciando desenvolvimento profissional e apoiando a formação do especialista e a geração de conhecimentos fazem parte da missão da SAESP, com apoio da União Química”, conclui.

No futuro, de acordo com a professora, será emocionante ver como o campo da anestesiologia continua a evoluir e se adaptar a novos desafios e oportunidades. À medida que novas descobertas de pesquisa surgirem e novas tecnologias estiverem disponíveis, os anestesiologistas estarão na vanguarda, garantindo que os pacientes recebam o melhor cuidado possível.

Entrevistadas:

Profa. Maria José Carvalho Carmona
Presidente da Sociedade de Anestesiologia do Estado de São Paulo (SAESP).
Professora Associada da Disciplina de Anestesiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).

Dra. Rosa Marina AvillaMédica Anestesiologista
Título Superior de Anestesiologia (TSA) pela Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA).
Mestre em Psiquiatria e Psicologia Clínica pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).